Todos os motociclistas sabem que o capacete é o elemento de proteção individual mais importante e que o seu bom estado de conservação tem impacto não só na qualidade da condução (viseira sem riscos ou fissuras, forros limpos e bem secos, entradas e saídas dos ventiladores desobstruídas) como também no nível de proteção que oferece.
Deve, por isso, em todas as situações, ser manuseado com cuidado, evitando quedas, impactos e o contacto com substâncias químicas agressivas, especialmente quando decidimos que é altura de efetuar uma boa limpeza, exterior e interior.
QUANDO TROCAR?
Existem capacetes de muitos tipos e formatos, construídos com materiais e tecnologias de produção bastante distintos, mas, em todos os casos, independentemente do maior ou menor grau de sofisticação, há uma regra que deve ser seguida por todos os motociclistas e que é preconizada pela generalidade dos fabricantes: devem ser trocados num prazo de entre três a cinco anos e se sofrerem um sinistro ou queda acidental, mesmo sem danos exteriores aparentes, a troca deve ser imediata.
Este prazo deve ser considerado a partir do momento em que efetuamos a compra, pois a data de fabrico não era, até à introdução da nova norma de homologação ECE 22.06, uma informação obrigatória para os fabricantes de capacetes. Com esta nova norma, o ano de fabrico terá que estar visível, permitindo assim calcular o prazo real de validade do capacete.
A calota exterior pode ser produzida em plástico (ABS ou Lexan, por exemplo, sendo este último o melhor dos termoplásticos) ou fibra, de um único tipo (fibra de vidro ou de carbono, por exemplo), ou composta, reunindo na mesma calota diversas fibras diferentes.
Estes distintos materiais utilizados para a produção da calota exterior oferecem, naturalmente, diferentes níveis de resistência aos impactos, proporcionando também variações de peso, sendo um grande objetivo de todos os fabricantes a redução da massa dos seus capacetes. Mas, de uma forma ou de outra, o principal desígnio da calota exterior é a proteção contra os impactos, evitando a perfuração do capacete se este colidir com qualquer objeto.
É então necessária uma segunda calota, para que o impacto sofrido pelo exterior do capacete não seja transmitido diretamente à cabeça do motociclista. Esta calota interior serve assim para absorver e dissipar a energia resultante do impacto e que, caso não o fosse, iria provocar danos físicos muito sérios ao utilizador.
A IMPORTÂNCIA DO EPS
O material que é universalmente utilizado para a construção da calota interior é o poliestireno expandido, vulgarmente conhecido como ‘esferovite’ e que em inglês se designa pela sigla EPS (expanded polystyrene) que é muito comum encontrar na literatura relativa aos capacetes.
Esta calota em EPS pode apresentar diferentes espessuras e densidades, em função dos estudos que cada fabricante produz e do resultado final que pretende aplicar ao seu produto, sendo unânime que um EPS de elevada densidade absorve melhor impactos sofridos a elevada velocidade e que, pelo contrário, um EPS de baixa densidade é mais eficaz na absorção de energia resultante de impactos a baixa velocidade.
Para compensar eventuais vantagens e desvantagens dos dois tipos, alguns fabricantes utilizam EPS com densidade variável. De uma maneira geral, o EPS é um material com excelentes propriedades, sendo leve, resistente a uma vasta gama de temperaturas, resistente a alguns químicos e solventes, e muito eficaz na sua função de absorver energia.
Mas apresenta um problema: após sofrer um impacto, a sua estrutura deforma-se e não recupera o formato ou a densidade original. Por este motivo é muito importante evitar quedas, pois o exterior poderá estar intacto, ou com apenas alguns riscos, mas o EPS poderá ter sofrido uma deformação e assim já não será capaz de absorver energia nesse local.
Por outro lado, com o passar do tempo, o EPS fica ressequido e por esse motivo perde algumas propriedades em termos de elasticidade, o que limita a sua capacidade para se deformar e assim poder absorver energia em caso de impacto, que é – recorde-se – a principal função da calota interna.
CUIDADOS A TER
O capacete deverá ser tratado sempre com o máximo cuidado ao longo da sua vida útil, evitando-se as já referidas quedas, mas também uma exposição a produtos químicos agressivos ou até situações por vezes consideradas normais como por exemplo utilizá-lo como banco numa paragem à beira da estrada onde não temos à mão outro local para descansar…
Outra situação relativamente comum é a colocação do capacete em cima do reservatório de combustível. É normal ver isto acontecer durante pequenas paragens em que a moto fica estacionada ao pé do proprietário, ou mesmo quando estamos parados em cima da moto, à espera numa fila muito demorada. O tampão do reservatório de combustível permite a evaporação de gases e estes, ao entrarem em contacto com o interior do capacete e, em especial, com a viseira, vão provocar danos nos materiais, para além de que o cheiro da gasolina não será propriamente o mais agradável para o resto da viagem…
Quando não está em uso, o capacete deverá ser guardado num local seco, sem humidade e deixado com a viseira ligeiramente aberta, para que não surja condensação no seu interior.
A limpeza, seja a exterior, ou a dos forros, implica a utilização de água e de produtos de limpeza pouco agressivos, por exemplo sabões neutros. Para remover os resíduos de sujidade mais difíceis, é importante evitar a utilização de panos ásperos, especialmente no que diz respeito às viseiras, pois essa ação poderá provocar riscos ou reduzir a sua transparência. O ideal será optarem por um pano de microfibras, macio e que não deixe partículas na superfície do capacete.
Por forma a evitar o contacto com solventes, vernizes ou cola, também não é recomendável a aplicação de autocolantes ou a pintura do capacete.
MANUTENÇÃO
Tal como sucede com as motos, também um capacete de proteção para motociclistas pode necessitar de operações de manutenção por forma a garantir que todas as suas funções são executadas com total eficácia.
A viseira é um dos elementos que mais sofre ao longo da vida útil do capacete, devido aos impactos de objetos na sua superfície, que a danificam, e à própria necessidade de manuseamento constante, para a abrir e fechar em função das necessidades do utilizador.
A viseira suja-se com muita facilidade, seja pela acumulação de insetos no tempo quente ou pelo contacto com a chuva, poluição e poeiras, exigindo uma limpeza regular. Na estrada, em andamento, muitas vezes temos que recorrer à passagem das luvas para retirar água ou sujidade em excesso e mesmo que as luvas possuam um tecido específico para esta função, o arrastar de alguns detritos pela superfície da viseira irá provocar inevitáveis riscos, que afetam, naturalmente, a sua transparência e qualidade ótica.
É assim natural sermos obrigados a trocar a viseira durante a vida útil do capacete, componente que a maioria dos fabricantes de capacetes disponibiliza, sendo fácil a sua aquisição através dos canais habituais.
Mas também poderá haver necessidade de trocar o mecanismo de fixação da viseira, as entradas de ar do sistema de ventilação, os forros ou até uma fivela ou correias do sistema de retenção. As marcas mais reputadas de capacetes possuem serviços de assistência técnica que disponibilizam todos os componentes necessários para a manutenção do capacete, para que este se mantenha sempre 100% funcional e assegure o máximo de conforto e proteção ao seu utilizador.
Para ter acesso não só a componentes originais, mas também a um aconselhamento técnico profissional, será importante adquirirem o vosso capacete em revendedores autorizados. Só assim poderão ter um acompanhamento adequado caso seja necessário iniciar um processo de garantia, ou reparar/substituir um componente danificado.
INSTALAÇÃO DE INTERCOMUNICADORES
A instalação de sistemas de intercomunicação deve ser feita por um técnico credenciado, mas, no caso de o fazerem vocês em casa, tenham atenção à forma como instalam os componentes do dispositivo e em especial as colunas, pois se não ficarem bem embutidas e fixadas, poderão provocar lesões ou cortes em caso se queda. É importante não escavar o EPS para conseguir espaço para as colunas, pois a redução da espessura deste elemento irá acarretar uma diminuição da sua capacidade de proteção.
O ideal será adquirir um capacete que esteja já preparado para receber um sistema de intercomunicação, existindo modelos mais acessíveis que apenas possuem os locais determinados para acolher, por exemplo, as colunas e a cablagem, ou outros mais evoluídos que já contemplam um pré-equipamento, com colunas, cablagem e antenas instalados, a que se somam as entradas para encaixar as unidades principais e respetivos comandos, permitindo uma excelente integração de todos os componentes e um impacto muito reduzido no formato exterior, com ganhos na ergonomia, aerodinâmica e distribuição de peso.
EM RESUMO
- O capacete deve ser trocado num prazo de três a cinco anos.
- Em caso de acidente ou queda, a troca deve ser imediata.
- Na limpeza, utilizem apenas água, sabão neutro e um pano de microfibras.
- As peças danificadas podem ser substituídas.
- Não submetam o capacete a cargas ou impactos.
- Guardem o capacete em local seco e com a viseira ligeiramente aberta.
- Evitem o contacto com substâncias químicas corrosivas.
- A instalação de sistemas de intercomunicação deve ser feita por um técnico.
- Prefiram a aquisição em revendedores autorizados.